terça-feira, 23 de novembro de 2010

Fuga Pt 2

Depois de alguns minutos de um silêncio incômodo você liga o rádio. Ainda é possível enxergar o estádio. As pessoas agora se acotovelam por entre os portões principais para saírem do local. Estão todas rindo, felizes, aparentemente gostaram do show, mas você podia ouvir a ressonância de todos os pensamentos da noite convergindo a uma única questão:
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“Quem era aquela garota que estava tocando, ou tentando tocar, guitarra?”
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Você tira os olhos do retrovisor e tenta focar sua mente em outra coisa. O radio, talvez. Como que coincidentemente trágico, não que você não estivesse acostumada, começam as noticias sobre o show, nada animadoras pra você.
Alexis, notando seu desconforto, estica o braço e desliga o rádio.
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Silêncio.
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“Não liga pra isso Juliet!, lembra do que eu te disse a pouco? Você tem que manter a mente ocupada, pensar em algo que não tenha nenhuma ligação com o show... Já sei!, vamos jantar em algum lugar distante da cidade. Algo mais caseiro e acolhedor, que tal?”
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Você não tem capacidade para responder. O estresse dentro da sua mente é tanto que qualquer tentativa de pensar se chocava com a bola de neve de frustrações que só cresce mais e mais. Sua mãe devia estar morrendo de vontade de te dizer: “Eu avisei! Não era pra você inventar de virar musica, você não leva jeito pra isso!”
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“Ok, sem progressos... Que tal você escolher o restaurante, hein? Aqui vão as opções...”
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Vocês entram em umas das highways que levam para fora da cidade. A estrada é bastante iluminada, mas conforme vocês se afastam do centro de Estocolmo a freqüência de postes cai exageradamente ao ponto em que só se avistam uns 5 metros à frente do carro.
Alexis começa a falar o nome dos restaurantes possíveis para a noite e você se esforça ao máximo para focar-se nele, naquela questão, no restaurante em que vocês devem ir. Você luta contra todas aquelas sensações ruins da sua cabeça e, finalmente, as deixa de lado.
Exatamente como Alexis previu, pensar em outra coisa te trouxe paz, razão e calma. Agora você fitava a estrada, só ouvindo a voz dele e o som grave do motor. Ele percebe sua calmaria e vira-se para você com um largo sorriso.
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“Que bom que você conseguiu se acalmar...”
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De fato você conseguira. Estava relaxada. Tão relaxada que nem esboçou qualquer reação quando viu aquele par de faróis da pista contrária fazer um movimento brusco e ir de encontro a vocês.

2 comentários:

  1. Droga...por que acabou ai?
    haeihea

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  2. quem vem la? uma pergunta que o vic deveria se fazer... nop.. duvido que a narrativa tenha sido boa assim.

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