quinta-feira, 13 de agosto de 2009

"Hey Mamma, Look At Me"

Era uma noite como todas as outras, os mesmo lugar, a mesma iluminação, a mesma hora, os mesmos rostos; Igual, mas não necessariamente ruim; Não para pessoas como você, que o normal é estar feliz, conseqüentemente hoje, você estava sorrindo.
E isso intrigava a todos ali presentes, talvez sendo até o motivo que os traziam ali todos os dias. Um punhado de pessoas normais, com suas vidas simplórias, seus problemas, que tinham encontrado a melhor maneira de esquecê-los, você.
O gosto que você deixa no ar é perceptível e sentido por todos, como se eles se alimentassem dessa sua energia de vida, dessa felicidade que te faz. E ver os seus rostos relaxando com alegria momentânea é uma das únicas visões que ainda de deixa arrepiada.
E assim se segue, você, sentada em um banquinho posto no palco improvisado, tocando para aquela gente, recitando seus versos com toda força, para que até aquele que se encontra no fundo do bar, ou no fundo de sua própria mente, possa te ouvir, e se sentir melhor, receber toda a felicidade que merecem, se permitirem, mesmo que não sendo por estarem felizes, a sorrir.
De repente, o sino da porta do bar toca, barulho que sinceramente só você escuta, mas daquele barulho surge uma pessoa, um homem, para ser mais preciso, bem agasalhado em vista do frio que faz lá fora, mas assim como todos os outros que entram ele é tomado pela onda de calor e afeto, não demorando milésimos para enfim mostrar um sorriso. Ele se dirige ao balcão e pede uma cerveja, se estabelecendo ali mesmo, de costas para você, até que se dá conta de que todos olham fixados para alguém, no caso você, e se vira também para apreciar o bom som.
Os últimos acordes se fazem e todos deixam o bar, sorridentes e falantes. Todos, menos um, aquele homem. Ele não para de te olhar, como se estivesse a te analisar, reparando em cada detalhe seu.
-
“Pela cara, ele deve estar gostando do que vê.” – Diz zombeteiro Carl, seu amigo e dono do bar.
-
“Ah, vê se não enche Carl!” – Você responde com um sorriso. “E quem é ele?”
-
“Não sei” – Diz ele enquanto seca os copos da noite. “Mas diz que quer conversar, negócios, eu acho.”
-
Você agora se encaminha ao homem sentado em uma das mesas do bar. Ele se levanta para você sentar, coisa que você nunca esperaria que acontecesse. Você nota como ele é mais bonito de perto. Um ar meio estrangeiro, branco com as bochechas queimadas, e um sotaque que você nunca havia ouvido antes.
-
“Boa Noite. Chamo-me Alexis. Vim aqui te fazer um convite...”
-
Enquanto ele falava a proposta que viera fazer você vai se deixando cair na cadeira, pasma, sem fôlego, tentando inutilmente se beliscar e acordar daquele sonho. Você iria fazer um Show de verdade, ao lado da sua banda preferida, você, você, você, uma estrela? Sua mãe nunca iria acreditar.

3 comentários:

  1. Storytelleragosto 13, 2009

    Para a sorte de todos os poucos que estavam ali, os barulhos das moscas não podiam ser ouvidos. Nem aquele dos ínfimos copos tilintando nas mesas de madeira. O ar parecia estagnado, como o ambiente. O dia não parecia bom nem para você, mas o olhar atento e o sorriso do homem atrás dos balcão, limpando os mesmos copos pela quinta vez, faziam com que você se sentisse fazendo um bom trabalho. Na verdade, o casal que estava lá naquela noite também parecia concordar que você era a única coisa que valia a pena no mundo - além deles dois, é claro. Fosse verdadeira sua impressão, ou não, a sensação de lentidão foi interrompida pelos braços do gerente cortando o ar. Parecia que ele iria fechar mais cedo. Algumas palmas escassas coroaram a última música, mas o eco realmente intimidava as pessoas. Você se sente bem ao descer do banquinho no palco e tirar a correia do violão elétrico do pescoço. Carl chega próximo a você, colocando o pano de pratos no ombro, e dando os habituais tapinhas nas suas costas. Dessa vez porém, ele de fato fizera algo além de elogiar, como sempre. Estava apontando animadamente para uma das mesas, enquanto pegava o instrumento das suas mãos e te liberava para ir de encontro ao jovem que se sentava afastado do palco.
    - Erm.. Bem... Eu me aproximo dele. Tentando parecer confiante e ver se ele gostou de alguma das músicas que eu toquei.

    ResponderExcluir
  2. Racionais JMagosto 13, 2009

    Eu gosto de lembrar de bons momentos.. É interessante as formas q uma mesma historia pode tomar... Pode-se dizer q ambos os textos já estavam escritos desde aquela tarde, impossivel de se substituirem, apenas de se completarem.
    Foi uma surpresa. Você disse q escreveria isso, mas, ainda assim, de todas as historias que compartilhamos, acreditava que n seria uma das que foi narrada que você escolheria dessa vez.
    Abraço Juliet, continue com esse seu jeito simpatico de ver a vida.

    P.S.: De uma revisada (n tem nada gritante, mas..)

    ResponderExcluir
  3. "Um punhado de pessoas normais, com suas vidas simplórias, seus problemas, que tinham encontrado a melhor maneira de esquecê-los, você.
    O gosto que você deixa no ar é perceptível e sentido por todos, como se eles se alimentassem dessa sua energia de vida, dessa felicidade que te faz. E ver os seus rostos relaxando com alegria momentânea é uma das únicas visões que ainda de deixa arrepiada."

    Você.

    ResponderExcluir